sexta-feira, 27 de junho de 2008

Há laços que nos unem...

SONETO DE FIDELIDADE
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De tudo, ao meu Amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
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Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei-de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
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E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
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Eu possa me dizer do Amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
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Vinicius de Moraes,
Estoril, Outubro 1939
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In " Os Laços que nos unem " de Gustavo Santos
Edição Caderno

2 comentários:

Maria disse...

Um belíssimo poema num livro cujo título promete!

Duarte disse...

Sonetos, arte de fazer poemas.
Vinícius de Moraes, mestre nestas artes, e muitas outras.